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    Sabe aqueles dias em que, mesmo após 8 horas de expediente, você não consegue produzir quase nada? Você demora 2 ou 3 vezes mais para executar as suas tarefas e ainda se distrai com qualquer estímulo externo. Mesmo estando com muitas demandas para resolver, as redes sociais e conversas paralelas acabam recebendo mais a sua atenção do que o seu próprio trabalho. Identificou-se com a situação? Você pode estar tendo dificuldade de concentração. Segundo estudo da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), após o início do isolamento social, em 2020, 36% das pessoas sentiram que sua produtividade caiu e não conseguiram manter a concentração no trabalho. 

    O fenômeno pode estar relacionado à diversos fatores. Pode ser oriundo de transtornos mentais, como a depressão e distúrbios, como a dislexia; condições fisiológicas, como esgotamento mental e distúrbios do sono; ou ainda pode ser sinal de que você não está gostando do seu trabalho. Seja como for, a falta de concentração causa prejuízos ao dia a dia, como descumprimento de prazos, execução pouco minuciosa das tarefas e sensação de incapacidade, diminuindo a autoestima do indivíduo. Em profissões de risco, pode comprometer até mesmo a segurança das pessoas. Mas não fique preocupado(a)! Se você conseguir mapear as causas do problema, será possível lidar com ele. E ainda existem várias dicas que te ajudarão a focar mais em suas tarefas. Confira tudo a seguir.

    E o que pode causar essa dispersão? 

    Há algumas condições mentais que podem interferir diretamente na capacidade cognitiva do indivíduo, acarretando dificuldade de direcionar a sua atenção. A depressão, por exemplo, consiste em uma irregularidade química no cérebro, relacionada à baixa produção de serotonina (neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar). E tal irregularidade afeta outras áreas, fazendo com que a pessoa depressiva possa apresentar, também, disfunções cognitivas no aprendizado, na memória, na velocidade de processamento de informação, falta concentração e desatenção. 

    Outro fator que costuma causar falta de concentração é o esgotamento mental. Ele ocorre quando o cérebro é submetido a longos períodos de atividade cognitiva, sem o devido descanso. Assim, a falta de concentração e atenção é um dos principais sintomas deste problema, que ainda pode evoluir para Síndrome de Burnout, caso a falta de descanso perdure por longos espaços de tempo. Vivenciar situações de estresse excessivo também pode contribuir para o quadro. O estresse gera aumento do cortisol (hormônio responsável pelo fornecimento de energia no corpo), de modo que, em excesso, o indivíduo acaba mantendo-se em um constante estado de alerta, afetando a sua concentração, atenção e memória. 

    Os distúrbios do sono também devem ser mencionados. O seu ciclo normal compreende duas fases principais: o sono não-REM, responsável pelo descanso e pela reposição de energias; e o sono REM, fase de alta de trabalho cerebral, fundamental para a manutenção das funções cognitivas, como memória, criatividade e a capacidade de aprender, além de proporcionar bem-estar. Caso o indivíduo apresente problemas como insônia, apneia do sono, entre outros, especialmente na segunda fase, ele apresentará sintomas como desatenção e problemas de memória. 

    O desequilíbrio emocional também está relacionado à capacidade de concentração. A vivência de experiências extremas, como a perda de um ente querido, desemprego ou separação matrimonial; sentimentos de preocupação e medo ou outras situações que costumam abalar uma pessoa podem prejudicar a sua atenção. Ainda, a Dislexia e o Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH também figuram nessa lista. Os indivíduos que possuem tanto a primeira quanto a segunda condição ficam dispersos com facilidade e possuem dificuldade para desenvolver foco e atenção, especialmente na infância. 

    Ainda não se identificou com nenhuma das situações anteriores? Então, talvez, o problema esteja no seu trabalho. O desapontamento também costuma ser fator de falta de concentração. Assim, se você não sente satisfação ao desempenhar sua função ou não crê que seu esforço traga resultados significantes, pode ser que a sua atenção fique reduzida. Além disso, pode acontecer de você gostar do que faz, mas não se sentir feliz em seu meio pelas más condições oferecidas, como baixa remuneração ou ambiente tóxico. Muitas vezes, a frustração faz com que desloquemos a nossa energia e foco para outros setores da vida, ocasionando uma desatenção nos meios que se mostram desagradáveis. 

    Ou então, a situação pode ser mais simples do que você imagina! Desde o início do isolamento social, o home office vem se fazendo cada vez mais presente na vida dos trabalhadores. De acordo com pesquisa da Catho, a oferta de vagas remotas cresceram 496% em comparação com 2021 no país. Contudo, apesar dos benefícios da modalidade online, caso a pessoa não tenha um bom ambiente para realizar seu trabalho, ela pode acabar tendo sua atenção defasada. Campainha tocando, serviços domésticos por fazer, animais latindo e até mesmo interrupções de parentes. Tudo isso pode atrapalhar na concentração do trabalhador. 

    Mas como lidar com isso? 

    Ninguém estará focado e produtivo o tempo inteiro, porém, momentos muito longos de dispersão podem ser altamente prejudiciais para diversos setores da vida, principalmente o profissional. Por isso, é importante detectar qual o motivo que vem causando a falta de atenção e aprender a lidar com ele. De modo geral, adotar hábitos mais saudáveis costumam melhorar algumas situações. Por exemplo, a prática regular de atividade física ajuda a reduzir o estresse, e a realização de atividades de lazer também contribui para o bem-estar. 

    Caso o problema esteja relacionado a um distúrbio ou transtorno, o recomendado seria realizar acompanhamento psicológico e, se for o caso, adotar medicação. Ainda, se o motivo for algum descontentamento com o trabalho, o jeito é tentar mudar de setor ou procurar outro emprego, ou até mesmo começar a construir formas de entrar em uma nova área de atuação. Seja como for, podemos adotar algumas técnicas que nos ajudam a driblar a falta de concentração no trabalho – ou pelo menos mantê-la por mais tempo:

    1) Divida tarefas grandes: fragmentar as tarefas em partes menores nos ajuda a enxergá-las como mais viáveis, e ainda reduz nossa propensão a procrastinar por simplesmente não saber por onde começar. 

    2) Organize a sua rotina: anote seus compromissos em uma agenda. É momento também de definir prioridades e empregar sua concentração – mesmo que seja pouca – naquilo que for mais urgente.

    3) Defina horários para seus afazeres: se perceber que não está rendendo, passe para a tarefa seguinte. Nada de ficar olhando inerte para a tela por 2h seguidas!

    4) Evite as redes sociais: quando precisar focar em alguma tarefa, tire o som do seu celular. Navegar em redes sociais consome muito tempo e, com certeza, vai acabar te distraindo das suas atividades.

    5) Cuide do seu espaço de trabalho: organize seus arquivos físicos e digitais e não retenha lixo. Manter seu espaço de trabalho limpo e organizado otimizará a realização de suas tarefas. 

    6) Faça pequenas pausas: o cérebro consegue fixar-se em um único objeto por cerca de 50 minutos, após isso, a atenção tende a ir embora. Portanto, trabalhe ininterruptamente por esse período e depois faça um intervalo de 10 minutos. A pausa ajudará a descansar as áreas ativas no cérebro.  

    A maioria das pessoas, em alguns momentos, fica mesmo com sua atenção reduzida. Em enquete realizada pela masterClassic, no Linkedin, ao serem questionados sobre a falta de concentração no trabalho, até o momento, 44% dos participantes responderam que ficam assim quando estão preocupados(as); 13% quando dormem pouco; 13% ficam assim com frequência, e 31% responderam que raramente perdem a concentração no trabalho. Devemos prestar atenção é quando essa dispersão se faz presente com frequência e por períodos longos, pois pode ser sinal de que algo não vai bem, seja em âmbito da saúde física, mental ou socialmente. Por isso, observe seu próprio comportamento e, caso seja necessário, não deixe de procurar ajuda especializada. 

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